Thee Butchers' Orchestra


 

 

Thee Butchers' Orchestra

 

 

 

03/06/2003 - Muito antes de ser "roqueiro" virar hype, três açougueiros já colocavam fogo no cenário brasileiro: Thee Butcher's Orchestra. Batemos um papo com Marco Butcher, figura lendária do cenário rock brasileiro, que já tocou em bandas como Garage Fuzz e Pin Ups, e hoje é o porta-voz da maior banda de rock do Brasil. Confira uma retrospectiva completa, em forma de bate-papo, com Marco Butcher, e saiba tudo sobre os açougueiros mais rock do mundo.

 

Wladimyr Cruz - Vamos começar pelos primórdios. A primeira banda que eu lembro de que você tenha tocado foi o Garage Fuzz, teve outras antes?

Marco Butcher - Teve várias antes. O primeiro show que eu fiz na minha vida foi em 83, um mês e pouco depois da inauguração do Madame Satã (São Paulo/SP) abrindo para o Ratos De Porão e Plebe Rude. Foi o primeiro show que me lembro de ter feito, e na época eu tinha uma banda que era... (pensa) Não sei, a gente adorava Smack... era um hibrido de punk rock com new wave. Depois disso eu fui baterista do Pin Ups por um bom tempo, fui vocalista do Garage Fuzz, e ainda com os Pin Ups eu formei uma banda que se chamava Supermarket, que era meio punk rock bubble-gum, algo bem assoviável, onde eu já tocava guitarra e fazia vocal.

Nesta época, a sonoridade do Pin Ups começou a me desagradar, não estava mais interessado naquele caminho, sai do grupo e montei o Red Meat, que era um duo de blues, que passou dois anos gravando coisas e lançando fitinhas. Estava todo mundo meio de saco cheio da cena, e quando o Butcher's começou, não era pra ser propriamente uma banda, pois achávamos as bandas da época muito ruins, os espaços muito ruins, as condições muito ruins, etc. Não tinhamos mais interesse em fazer parte do "circo", tocávamos pois gostamos de tocar.

Teve uma época que o Adriano foi morar um tempo em Nova Iorque, e o Butcher's ficou no gelo. Quando ele voltou começamos a compor umas coisas, a gravar, e mostrar pros amigos, e começou aquela coisa: "ah, tem que tocar", "tem que fazer show!". A Debbie (Ordinary Recordings) é uma das grandes responsáveis por tudo, ela é 50% de tudo o que somos, desde a divulgação, vendagem, estruturação da banda, mentalidade da banda, até mesmo em como se relacionar entre nós, membros do conjunto, ou seja, ela criou para o Butcher's uma atmosfera de família, aprendendo a lidar com problemas, nossas diferenças, etc de forma mais saudável.

Atualmente, além do TBO, tenho o Hardfingers - que é uma banda ao lado do Clayton Martin do Detetives, o Flávio do Forgotten Boys e o Mr. Salerno que tocou comigo no Red Meat; tenho o Rawcats - onde voltei a tocar bateria, e tem a Debbie no vocal, a Cláudia no baixo, o Clayton na guitarra. Esta banda é novinha, acabou de gravar um disco que deve ser lançado em breve pela Thirteen Records do Andrézão do Zumbis (do Espaço).

As bandas que tive foram essas, mas fiz várias outras coisas, tipo, fui baterista do Pavilhão 9 por um tempo, na época do lançamento do primeiro EP deles, o "Otários Fardados". Na época o Pavilhão 9 e o Pin Ups estavam fazendo vários shows juntos, entramos na piração de "ah, foda-se essa coisa de gueto, foda-se essa coisa de gangue, música boa é música boa, não importa de onde ela vem ou que tipo de música é, vamos misturar tudo".

E bem, falando sobre o Garage Fuzz que você citou, acho que na época, o que rolou, é que eles queriam algo mais "ensolarado", mais califórnia, essa praia que eles seguem até hoje, e eu me achei muito urbano pra esse som, não me interesso por esse tipo de música.

 

WC - A primeira demo do Garage Fuzz é com você na banda ainda, certo? Inclusive você canta "Rocking Chair", se não me engano, e que hoje é um dos hits do grupo.

MB - Sim, somos amigos até hoje, nos falamos muito bem. Quando deixei de ser vocalista da banda, passei a ser roadie, fizemos várias baladas juntos, foi super legal. Mas foi isso, eu sempre fui mais interessado num tipo de música mais insana, mais doente, e acho que eles acabaram seguindo um caminho saudável demais pra mim. Gosto de ouvir gritaria, guitarra desafinada, fora do tempo, desconexa. Admiro o Garage Fuzz, acho uma boa banda ao vivo, mas não é o caminho que eu queria, e quero, seguir. Estou tentando achar meu caminho com o Butcher's agora. Não é ainda 100% do que eu gostaria de estar mostrando, mas é um começo. Quanto mais a gente tem tocado, mais próximos estamos da nossa própria sonoridade, e isso, pra mim, é o mais importante.

Não serve você ser mais um no pacote da Epitaph, não quero me aproveitar de alguma coisa para vender meia dúzia de discos. Fico feliz que as pessoas comprem os discos, mas não tenho uma banda pra vender discos.

 

WC - Você citou sobre o fato de buscar uma sonoridade própria, porém, a mídia "especializada" insiste em compará-los com o Jon Spencer Blues Explosion. Como você sente isso? Você acha que essas comparações se devem a quê?

MB - Eu acho que as pessoas aqui no Brasil não tem acesso á muita informação. Eu, assim como o Adriano (g/v - butchers), admiramos o trabalho do Jon Spencer. Ele não é o nosso mentor, nem nada, mas eu gosto dele assim como eu gosto de várias outras coisas. Acho que ele é o cara que tem mais exposição, então é a informação que chega aqui, talvez se na época que surgimos o White Stripes já estivesse tão hypado aqui no Brasil, seriamos comparados a eles. Acho que é só uma coincidência, como ele é um cara que está na mídia, a banda tem um holofote em cima, ele é a referência mais fácil. Pra mim faz sentido comparar o Butcher's com o Jon Spencer, eu não gosto nem desgosto. Óbviamente prefiro ser comparado ao Blues Explosion do que ao Raimundos ou Jota Quest (risos). Mas não é algo que particularmente me diga alguma coisa, e sei que as sonoridades são bem diferentes.

Acho que bandas como nós, eles, o Oblivians, o (Demolition) Doll Rods, Gores, e todas as bandas desprovidas de contra-baixo, bebem na mesma fonte, que é John Lee Hooker, Bo Diddley, que são blues-mans que sempre tocaram sem contra-baixo, até o próprio Cramps que só foi ter baixo no meio dos anos 80. É claro que não vão usar essas coisas para explicar nosso som, pois são mais obscuras, não ia adiantar nada, iam ler e pensar "que porra é essa, Oblivians?", então acho que o Blues Explosion se encaixa nesse quesito, por ser algo que as pessoas conhecem.

 

WC - Marco, gostaria que você falasse um pouco sobre a época do Pin Ups. Pois, houve um tempo onde o Pin Ups era, sem dúvida, a maior banda de rock independente do país, e alguns discos que vocês compuseram e que você tocou, como o "Scrabby?, são considerados clássicos até hoje...

MB - No Pin Ups eu tinha uma outra relação de banda, não sei se porque eu tocava bateria, ou porque eu era muito louco, ou coisa assim. Era um lance mais distante de mim, eu não cuidava da banda, não fazia sua manutenção. Não marcava shows, não marcava entrevista, ensaio, nada. Eu nunca assumi no Pin Ups uma postura de homem de frente, que fala pela banda. Eu não queria, não estava interessado. Estava interessado em curtir, tomar muita droga... eu era moleque né, cara. Tivemos momentos muito bons, muito bons mesmo, mas era uma relação muito dificil. Eu, o Zé e a Alê era uma combinação, e eu e o Luis era outra, éramos um duo. Era como se fossem duas duplas numa banda, o Zé e a Alê funcionavam bem juntos, eu e o Luis funcionávamos bem juntos, e as vezes os quatro juntos funcionavam muito bem. Mas nem sempre, principalmente quando começamos a nos entupir de química, ficou um lance bem esquisito, pois ficou mais transparente essa "divisão" na banda. Com o tempo, ficou dificíl trabalhar, pois nem eu e nem o Luís tinhamos o impulso de cuidar da banda, então ficou tudo meio que largado. Marcavam-se coisas, não faziamos, rolava stress.

Tenho noção de que o "Scrabby?" é um disco que tem uma importância no cenário, mas eu te confesso que as lembranças que eu tenho dele são as piores possíveis, pois o processo de gravação dele foi extremamente desgastante. Brigamos, choramos, saiu na porrada, quebrou equipamento, principio de overdose... rolou de tudo, de tudo mesmo. Levamos nove meses pra fazer aquele disco, e não porque ele é complexo demais, mais sim porque não conseguiamos mais nos aturar tantas horas sufocados dentro de um estúdio focalizando uma mesma coisa. A partir do "Scrabby?", o que aconteceu é que percebi que eu tinha muito mais para oferecer do que eu estava oferecendo ali na banda, e isso foi me frustrando, achava que não tinha espaço no Pin Ups, então, comecei a cuidar das minhas coisas. Comprei um porta-estúdio, comecei a gravar as minhas coisas em casa, e acabei descobrindo que meu jeito de fazer música não tinha nada a ver com o que o Pin Ups estava fazendo, eu ia para outra praia completamente mais selvagem do que o grupo estava querendo fazer, que era algo mais acessível, mais pop, mais assoviável.

Quando o Luis saiu da banda, pensei "o que estou fazendo aqui?", me sentia perdido, mas ainda segurei as pontas mais uns 2 meses pois haviamos acabado de lançar o "Jodie Foster", haviam compromissos marcados, e não quis deixar ninguém na mão, mas já não tinha mais interesse na banda. Na verdade quando entrei no estúdio para gravar o "Jodie Foster", eu já estava no "piloto-automático", aquele tipo de música já não me dizia mais nada.

Acho que nunca ouvi o "Jodie Foster" depois que ele ficou pronto. Tenho ele em casa mas deve estar até lacrado, nem sei nome de músicas, quantas músicas têm, não sei se a Alê já canta lá ou não, não sei nada, não era mais foco do meu interesse.

Mas por outro lado tenho lembranças legais, viajamos muito, conhecemos muita gente, fizemos amigos que ficaram desde aquela época. Não tenho mais contato com o Zé, vejo a Alê de vez em quanto, temos um contato social legal... tiveram coisas positivas.

 

WC - E finalmente chegamos ao Butcher's. O primeiro CD de vocês, o "Golden Hits By Thee Butcher's Orchestra" (N.do E.: terceiro lançamento da banda, antes foram lançados uma K7 e um vinil), recebeu uma forte exposição na mídia, sendo tratado até de forma carinhosa pela imprensa. Como você recebeu o fato de que um projeto pessoal seu fosse tratado e elevado ao status de um proto-hype? Como é a relação TBO/mídia?

MB - Somos uma banda super acessível, não musicalmente, mas como individuos. É fácil chegar na gente, conversar, tirar informação, etc. Fora isso, demos pra cena uma sobrecarga de energia que não existia. Eu não me lembro de ter visto um show tão energético como o nosso, não vi mesmo, incluo nisso as bandas gringas. Pode ser que isso passe, acredito que vá passar, não dá para manter o seu frescor a vida inteira, isso acontece com todo mundo.

Ninguém mais do que um jornalista, gosta de se sentir especial, pois qual a função do jornalista? É mostrar para as pessoas que ele sabe, que ele está por dentro, que ele está interado, que ele tem acesso a informação, e tirar informação da gente é a coisa mais fácil.

Debbie - O Butcher's tinha uma postura. Quando começou o hype, existiu a preocupação de "vamos informar quem? a Globo? Não, a Globo não!" Existe uma política.

MB - Tinhamos uma mentalidade de que éramos uma banda de rock n'roll-punk-blues, só que nossa filosofia era totalmente "Dischordiana". Queriamos tocar rock n' roll mas não falávamos com ninguém que não fosse do nosso interesse. "Foda-se, não quero saber se você está achando uma merda, não dou a mínima pra você", esta é a postura que temos até hoje, porém temos um produto, que é o disco, e eu não posso escolher quem vai entrar na loja e comprar o meu disco, compra quem quer. Com o tempo entendemos que teriamos que saber como direcionar a informação que gostariamos que as pessoas entedessem. O que eu mais leio hoje em dia são páginas e páginas de entrevistas que não querem te dizer absolutamente nada. Isso não nos interessa, essa coisa do "circo rock n' roll", tipo "ontem eu sai, comi três, cheirei quatro e bebi cinco". Foda-se, não quero saber o que você faz com seu dinheiro, pra mim você é um "lóqui", está gastando dinheiro a toa e não choca ninguém. Eu poderia ficar aqui falando o quão louco podemos ser, mas isso nada tem a ver com música, nada tem a ver com os discos, nada a ver comigo.

Debbie - Sempre teve uma filosofia Dischord, mas nunca foi igual a Dischord, pois pra mim o Brasil é diferente. O Make-UP quando veio aqui era da Dischord e teve uma atitude diferente. Não existe esse lance de "não falo com a MTV", mas sim "com quem que eu vou falar na MTV?".

MB - A MTV passou 4 anos atrás do Butcher's, falando "queremos vocês aqui para fazer programa tal". eu respondia "Não, não faço", eles "Por que?", e eu: "Pois não consumo MTV, acho o que vocês fazem uma merda violenta". Enquanto não me deram a opção de escolher com quem eu ia tratar lá dentro, eu não fui.

Não somos radicais, fechados, um bando de enjoados, só acho uma perda de tempo brutal ir na MTV e falar com, sei lá, Fernanda Lima. O que a Fernanda Lima pode ter para falar pra mim? Nada! Não vou me dispor de sair da minha casa para ir lá e falar sobre meu trabalho para uma pessoa que não tem noção de nada, que não fala a mesma língua que eu.

Basicamente é isso, eu falo com qualquer tipo de mídia, mas eu escolho quem vai conversar comigo, pois essa pessoa será a responsável por escrever o que eu falei, e isso é muito importante.

 

WC - No álbum rosa, ("Golden Hits..."), temos dois covers, um do Oblivians e um do Pleasure Seekers. No amarelo, ("In Glorious Rock n' Roll"), temos um do MC5 e do Barbarians, e no verde ("B-Sides Collection") tem vários, inclusive um inusitado do Minor Threat. Como e por que vocês escolheram estes covers/bandas para re-gravar? Qual o critério?

MB - Não ouvimos desbravadamente nenhuma dessas bandas que coverizamos. São bandas que já tiveram sua importância em nossa vida em fases diferentes. É um lance de gostar da música, de achar que aquela música é um clássico para mim, faz parte da história da minha vida, da vida do Adriano, da Debbie... É como se fosse uma gíria, uma coisa interna. Mesmo os Stooges que é um medalhão, eu nem sei se tenho um disco dos Stooges, mas é algo que adoro. Não gravamos essas músicas porque são as bandas que mais ouvimos, mas sim bandas que já ouvimos bastante assim como ouvimos 500 outras, mas não da pra gravar um disco com 500 sons. Quanto mais o tempo passa, mais nosso som está ficando com a nossa cara e menos queremos ficar nos apegando a outras bandas.

 

WC - O TBO teve a oportunidade de dividir o palco com várias bandas gringas, algumas realmente grandes. Como foram essas experiências, quais foram legais, quais não foram...

MB - A maior parte das bandas foi muito legal. A única banda que achamos realmente mala, foi o Superchunk. Tirando a Laura, a baixista do grupo, que foi um amorzinho conosco, eu achei que eles, por serem uma banda que toca há tanto tempo, deveriam ter mais segurança, no sentido de não se sentir ameaçados por uma bandinha pequena. Eles foram bem agressivos conosco, estavam se sentindo bem incomodados. E não foi só com a gente, tiveram esta postura com todas as bandas. Acho que eles são mimados, e talvez eles as expectativas deles não foram correspondidas aqui no Brasil, mas eu achei bem chato passar um tempo com eles.

De resto, com o Nebula foi sensacional, com o Make-Up, acho que foi uma puta experiência, acho que 50% do que eu sei hoje de rock, eu aprendi com eles. Com o Dollrods foi sensacional, amor a primeira vista. Com o Watts foi sensacional também, passei 15 dias com o Dave (Watts/dono da Estrus Records) viajando, fazendo festa em hotel, tocando guitarra, ficaram hospedados na minha casa, e criamos um vínculo de amizade. Você para de pensar que é "uma banda gringa", mas sim que são seus amigos que tem uma banda que por acaso está fazendo uma tour em seu país. Tocamos com o Jon Spencer no Paraná, conheci os caras, tenho contato com eles, eles quiseram roubar meu sapato (risos).

 

WC - Roubar o sapato? Conta essa história (risos)

MB - Eu tenho um sapato italiano que é azul geladeira, e os caras piraram, queriam o sapato emprestado para fazer o show. (risos) Acabei não emprestando sapato pra ninguém. (risos) Se eu for fazer um apanhado geral no final, as experiências do Butcher's com essas bandas foram mais pra bom do que pra ruim, pois conhecemos bastante gente legal, dividimos o palco com banda legal, independente do estilo.

O que seu sempre digo, eu nunca saio por ai falando que sou garage, ou punk, ou 60, 70, 80, heavy metal... Eu faço rock n' roll, então é algo que me incomoda muito quando colocam: "O TBO é uma banda de garagem". É garagem no sentido de que ensaiamos em garagem, gravamos os discos em garagem, e tudo mais, mas não estou preso neste formato e nem em formato nenhum. Se eu quiser lançar um disco de hip-hop ano que vem, eu vou lançar, não tenho a obrigação de seguir uma linha, não rezo a cartilha de ninguém.

 

WC - Por que não rolou a tour americana?

MB - Cerca de 30 dias antes de embarcamos, o nosso até então baterista (estava na banda desde 1998), largou o grupo. Como ele estava nos EUA desde novembro de 2002, vínhamos tocando com Jonas, mais conhecido como Jay, nos shows desde então. Ele prontamente assumiu oficialmente o cargo de baterista e se dispôs a largar trabalho, projetos, etc para ir em tour. Por causa da guerra e do pouco tempo (Adriano e eu já tínhamos o visto) o visto de J. Butcher foi negado. Recorremos e negaram pela segunda vez. Daí já era. Entrou a parte chata, começar a cancelar os shows, todos os fins de semana de Abril até Agosto, de Norte a Sul, Oeste a Leste dos EUA. Todo mundo sentiu muito e nossas portas e possibilidades continuam mais do que abertas. Além de amigos, os envolvidos são fans do TBO. Agora, depende do Consulado. Supostamente, ele não pode tentar outro visto pelos próximos 6 meses. O lance é: temos o Brasil todo para viajar, América Latina, Europa, Japão... Tudo bem.

 

WC - O TBO já está com algumas músicas novas na internet, sendo que acabou de lançar um álbum, e parece que já possui mais um pronto. Quais são os próximos lançamentos realmente? Por onde serão lançados? Quando?

MB - As 2 canções novas que estão disponíveis em MP3 são "Dirty Fingers" e "2003". Elas são de um álbum chamado "What About Now?", que fizemos no começo deste ano, já com o Jay Butcher, com 13 sons, sem previsão de lançamento, apesar dos convites. Talvez venhamos a lança-lo somente no exterior. Deixando assim o que vamos gravar provavelmente na segunda quinzena de novembro desse ano, ainda sem título. Terá a produção de Tim Kerr, responsável por alguns dos mais eletrizantes álbuns de rock (os melhores do The Makers, Mooney Suzuki, Jack o’Fire, Sugar Shack, Cynics, etc) além de ter tocado em bandas ícones do punk e garage, Big Boys, Poison 13, Lord High Fixers e atualmente, Total Sound Group Direct Action Comittee, entre projetos memoráveis, tipo o ilustre MonkeyWrench, The Now Time Delegation, King Sound Quartet , entre outros. O Adriano e o Jonas montaram um estúdio super legal, com tudo, análogo ou digital, por isso teremos aproximadamente um mês para nos divertir. Fora isso, no dia 15 de maio, foi lançado "Drag me Twice", contendo o "Golden Hits" e o "In Glorious Rock and Roll" em um CD só. Capa e texto legais, será distribuído no exterior pela No Fun e aqui no Brasil, pela Ordinary Rec..

 

WC - O TBO está com distribuição em várias partes do mundo. Como é atualmente a distribuição do grupo e por quais selos?

MB - Somos distribuídos nos EUA pela Estrus (Touch&Go/Revolver) e No Fun Records, que também nos distribui na América do Sul. No Japão, pela Time Bomb e na Europa pela Rough Trade. No Brasil, principalmente pela Ordinary Recordings, em parceria com a sHort Records.

 

WC - Uma das peculiaridades do TBO é sua formação de 2 guitarras, e para o bom aproveitamento disso, é preciso de um bom equipamento, ou ao menos um que se adeque às exigencias necessárias para que a sonoridade funcione bem sem o baixo, certo? Sendo assim, como e quais equipamentos são usados pelo Butcher's numa gravação. Pergunto isso, pois apesar da "imundice" do álbum, a sonoridade consegue ser clara, mesmo sendo feita 2 guitarras sujas.

MB - Normalmente gostamos de trabalhar com amplificadores Fender Twin Reverb ou Fender Série Black Face, que é o amplificador usado pelo camarada Keith Richards, conhece? Sempre que podemos mantemos esse set de amplificadores para shows. Quando não é possível, funciona um Fender para o Adriano, que faz a guitarra mais ardida e para a minha, mais grave, um amplificador de baixo GK 800. Para gravar, usamos vários tipos de amplificadores: Fender, Mesa Boogie, Peavey, e até uns Giannini da década de 60, valvulados, que são pequenos demais para shows mas funcionam muito bem para gravar as guitarras do Adri. Costumamos gravar todos nossos álbuns ao vivo. Então o que a gente aprendeu nesse tempo junto e com a vinda do Dan Kroha (ex-Gories, Demoliton Doll Rods) para a produção do "In Glorious...", é que o truque é fazer a banda soar bem dentro da sala e ai gravar tudo isso da forma mais viva possível, sem refazer as músicas milhões de vezes, tentando captar assim, a melhor performance e não a mais tecnicamente correta.

 

WC - Gostaria que você falasse sobre a música "Johnny Thunders", a qual vocês "homenageiam" o ilustre do título e ainda fazem referência ao grupo Forgotten Boys. O que é exatamente esse som? E onde será lançado?

MB - Temos essa coisa na banda de achar um saco a atitude de beatificar músicos de rock, tipo "Ramones ou Johnny Thunders ou Elvis Presley são deuses". Claro que não! Rock and roll é profano, feito por vagabundos desempregados. Nada de super-heróis no rock. Então tivemos a idéia de pegar várias palavras de letras do Johnny Thunders e misturar à pedaços de matérias que falavam bem e/ou mal dele, e fazermos disso tudo uma letra.

A coisa do Forgotten é a seguinte. Somos amigos e na época em que foram gravar o "Gimme More", acabei me envolvendo em algumas etapas do disco: fiz a capa e alguns backings vocals. O Adriano apareceu no estúdio onde eles gravaram algumas vezes e acabou emprestando uma (guitarra) telecaster para um som que pedia timbres mais stonianos. A questão é que tinha essa música "Cumm On", que é realmente muito boa, e ficou grudada na nossa cabeça (Adriano e minha). Tivemos a idéia de fazer uma citação a esse som na introdução de Johnny Thunders. Na verdade, não copiamos a música, apenas a introdução. Teve um lance de fazermos um split single. A idéia está congelada, mas a menção ao Forgotten entrou para o "What About Now?".

 

WC - Há planos de se retomar o projeto da tour nos EUA?

MB - Nossos convites para tocar nas casas continuam. Depende apenas do consulado liberar o Jonas. Será no mínimo 6 meses.

 

WC - Um 5x5 - Você pode usar até 5 palavras pra falar sobre cada 1 dos 5 temas:

 

WC - Cena Nacional

MB - Ótimas bandas, selos, net... mas precisa de mais equipamentos e mais espaços.

 

WC - Estrus

MB - Quartel-General do garage punk americano

 

WC - Ordinary

MB - Independente com Integridade, alma e atitude.

 

WC - Sexualidade/Sensualidade

MB - Pele de leopardo, congregação, rock & blues & uísque.

 

WC - Hype

MB - Não consumo esse produto. Falação, falta do que fazer para vender revista.

 

WC - Mensagem final, contatos etc

MB - Mantenha sua alma humilde e sua guitarra eletrificada. Rock, atitude, integridade e ética.

 

Para contatos com o TBO:

www.butchersorchestra.hpg.ig.com.br

www.mundordinario.blogger.com.br

www.theebutchersorchestra.blogger.com.br

Ordinary Recordings

Caixa Postal 13248, São Paulo, SP, 03104-970

E-mail: ordinary@uol.com.br

 

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